Tecnologia do Blogger.
RSS

Mochileiros que conheceram mais de 50 países relembram fatos marcantes

Engenheiro e psicóloga moram no Paraná e viajaram entre 2009 e 2011. 

Praticamente todos os trajetos foram realizados por terra.


Casal Curitiba (Foto: Adriana Justi / G1)
Casal relembrou fatos marcantes da viagem
(Foto: Adriana Justi / G1)
    Uma mochila nas costas com mudas de roupa para uma semana, dinheiro controlado e um único desejo - conhecer novas culturas. Foi assim que o casal, que mora em Curitiba, Guilherme Canever, de 36 anos, e Bianca Soprana, de 33, decidiu fazer uma viagem por regiões pouco exploradas da África Oriental, Península Arábica, Sudeste Asiático, Índia, Oriente Médio, Balcãs e Ásia Central.
   
    No começo, a ideia era a de que a aventura, feita quase toda por terra,  durasse um ano, mas a dupla se empolgou e acabou estendendo o período para quase três anos, entre 2009 e 2011. No fim das contas, foram mais de 50 países visitados e uma bagagem de histórias "sem tamanho". Parte delas foi descrita em livro, lançado em janeiro.

Foto mostra Nanga Parbat, nona maior montanha do mundo, localizada no Paquistão (Foto: Bianca Soprana)
Foto mostra Nanga Parbat, nona maior montanha do mundo, localizada no Paquistão (Foto: Guilherme Canever)
   "Eu já tinha feito algumas viagens anteriores e vi que não seria tão caro planejar algo a longo tempo. Nessas situações, a gente acaba gastando mesmo é com passagens, o resto é só se programar direitinho que dá certo. Foi então que nós tomamos coragem, nos planejamos em coisas básicas para levar e deixar e fomos", conta Guilherme, que é engenheiro florestal. Por causa de compromissos no trabalho na área de psicologia de Bianca, Guilherme foi primeiro e ficou dois meses sozinho até encontrar a esposa, na Tanzânia.

Guilherme usa roupas típicas em um caminhão enfeitado no Paquistão (Foto: Bianca Soprana)
Guilherme usa roupas típicas em um caminhão
enfeitado no Paquistão (Foto: Bianca Soprana)
   "Nesse período eu aproveitei para fazer as coisas que tinha certeza que na presença dela eu não poderia fazer, como não tomar banho todos os dias e acampar, por exemplo", brinca Canever. Ele garante que a aventura foi divertida.

   "Eu conheci um casal de sul-africanos e acabei pegando carona junto e a gente acampava todos os dias. Foi uma experiência enorme. Não havia preocupação, a gente ficava onde tinha espaço. Chegamos a instalar nossas barracas em beira de estrada, em parque nacional, enfim, em vários lugares, cada dia com um ar diferente. E eu fiquei com esse casal até o carro deles quebrar", brinca.

   Aproximadamente 40 dias depois, o engenheiro florestal seguiu viagem para o encontro com a esposa. "Eu só tinha certeza que teria que encontrá-la na Tanzânia, mas não sabia como chegaria até lá no período certo. Nesse meio tempo eu peguei carona, usei transporte público, barco, enfim, fiz o que dava para conseguir chegar a tempo. E o mais legal de tudo é que eu sempre encontrei pessoas boas pelo caminho, que me orientavam, me convidavam para fazer refeições e até cediam espaço para eu instalar minha barraca perto da casa deles", explica.

   Com a chegada de Bianca, as aventuras continuaram, mas de maneira um pouco mais "leve", segundo ela. "Eu tinha algumas exigências, como dormir em hotel, por exemplo. Eu não me importaria se fosse bem simples, mas tinha que ser limpo e também tinha que ter quarto com banheiro", contou a psicóloga. Canever contou que na maior parte das vezes tentou atender ao pedido da esposa, mas que nem sempre foi possível. "Ou não tinha água encanada ou às vezes faltava mesmo. Então foram muitos banhos de balde", lembra.

ilha de Socotra, localizada no Iêmen (Foto: Bianca Soprana)
Ilha de Socotra, localizada no Iêmen (Foto: Bianca Soprana)
   Para economizar, o casal contou que chegou a dormir em albergues de igreja. "Tem países que até por terem poucas opções de hotel, eram caros mesmo. Então, a gente usava algumas alternativas para fugir desse gasto, que para nós, como o passar dos dias, se tornou até meio que desnecessário. Os albergues das igrejas eram muito simples, mas eram extremamente limpos. E nós sempre fomos muito respeitados. Isso foi um dos valores da cultura africana que nos acrescentou muito", relata Guilherme.

Guilherme e Bianca aparecem ao lado de um seguidor religioso na Macedônia (Foto: Arquivo pessoal)
Guilherme e Bianca aparecem ao lado de um seguidor
religioso na Macedônia (Foto: Arquivo pessoal)

Fatos marcantes e engraçados
   O casal relembrou alguns fatos e histórias que marcaram a viagem, segundo Bianca, a maior parte deles, engraçados. "Em cada país era um idioma diferente e como nós basicamente tínhamos o inglês, foram muitas situações de mímicas e adivinhações para conseguir o que a gente precisava.

   "Em restaurantes, por exemplo, quando a gente não entendia os cardápios, sempre pedíamos para ir até a cozinha para ver como eram os pratos. Muitas vezes, se queríamos frango, por exemplo, tínhamos que cacarejar. E isso vale também para carne bovina e de outros animais", relembra, com humor, a psicóloga.
Guilherme lembrou de um fato constrangedor. "Em um dos hotéis que nós estávamos eu usei uma caneca que encontrei em uma pia de um banheiro comunitário para escovar os dentes. O detalhe é que a caneca era usada pelos outros hóspedes para higienes pessoais porque lá eles não usam papel higiênico, eles se lavam. Eu morri de nojo quando descobri", conta. O fato ocorreu no Quisguistão, país localizado na Ásia Central.

Bianca conversa com duas amigas em um restaurante no Irã (Foto: Guilherme Canever)
Bianca conversa com duas amigas em um restaurante no Irã (Foto: Guilherme Canever)
   Histórias emocionantes também marcaram a viagem do casal. Bianca lembra de um casal que conheceu em Hourama, no Irã. "Era uma cidadezinha de montanhas muito linda. E só tinha um restaurante. O casal foi muito bacana e nos ajudou muito porque sabia falar inglês, como nós. Como nós fizemos amizade, eles insistiram para que fôssemos jantar na casa deles, em Teeran, uma semana depois. E nós, claro, aceitamos o convite. "E o que nos surpreendeu é que o jantar que eles prepararam para a gente não era simplesmente uma refeição, era como se fosse uma ceia de Natal", explica Bianca, que relatou se emocionar quando viu o carinho com que eles foram recebidos.

   "Eu fiquei com lágrimas nos olhos porque eu tenho certeza que eles se empenharam muito simplesmente para nos agradar, isso que eles tinham nos conhecido há uma semana", ressalta Bianca.
Guilherme exibe frente um Yurt onde dormimos no Quirguistão (Foto: Bianca Soprana)
Guilherme aparece na frente de uma cabana, conhecida
como yurt, onde eles passaram algumas noites no

Quirguistão, na Ásia Central (Foto: Bianca Soprana)
Dicas

   Entre as dicas citadas pelo casal para viajantes de primeira viagem estão aprender as 'palavras mágicas' em várias línguas. "Isso nós consideramos como ponto básico. Por favor, com licença, obrigado, bom dia, boa tarde, entre outras (...). Nós fizemos isso e foi uma coisa que nos ajudou muito. Por mais que você não consiga se comunicar, pelo menos poderá aparentar uma boa impressão", explica Canever. Ele também destacou e importância de levar roupas leves e de um estudo das regiões exploradas.

   "Nós levamos roupa para uma semana porque sabíamos que iríamos para regiões basicamente quentes, então teríamos sol para secar as roupas. Claro, que uma peça ou outra a gente acabou precisando comprar, mas o que levamos foi o suficiente", diz Guilherme. Ele acrescenta e aponta sobre a importância de estudar a situação climática de cada lugar e os costumes de cada cultura. "Isso também foi um ponto básico que nos ajudou a não precisar levar roupas pesadas e a não pagar mico".

   Ainda sobre a precaução sobre os hotéis, Bianca lembrou que um kit básico para não passar "apuros". "Nós levamos um lençol e uma fronha bem limpinhos e usamos em muitas situações. Isso é muito importante para evitar problemas com mau cheiro e sujeira", destaca.

   A psicóloga também lembrou sobre a importância de períodos de férias durante a viagem. "De tempo eu tempo a gente parava em algum lugar por mais tempo para descansar. Acredito que isso é necessário para absorver as coisas, escrever, lembrar, refletir", afirma.

   Outra dica citada por Guilherme é calcular o valor diário para cada lugar, como hospedagem e alimentação, por exemplo. "Acredito que assim fica mais fácil de controlar o valor. Nós acabamos gastando menos do que pensávamos", afirma.

Ilha paradisíaca

   O último lugar visitado pelo casal foi a Ilha Andaman, localizada entre a Índia e o Sudeste Asiático. "É um lugar simplesmente inesquecível", relembra Bianca. Lá o casal aproveitou para descansar e discutir sobre a próxima aventura. "Não temos data ainda e nem sabemos para onde vamos, mas tenho certeza que vai acontecer novamente e em breve", finaliza Canever.
   Para conferir mais histórias e fotos sobre a viagem, acesse os blogs  saiporai e tambemsai.

Ilha de Andaman  (Foto: Guilherme Canever)
Ilha de Andaman foi o último lugar visitado pelo casal (Foto: Guilherme Canever)
Fonte: G1

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS